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Análise musical – Blue Tone

Olá pessoal, nessa aula vamos entender de que forma é feita a análise musical de uma música, e pra ilustrar esse processo vou usar uma música do meu cd DEEP, um rock instrumental chamado Blue Tone.

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Para escutar a música clique abaixo:

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O que é Análise Musical: Consiste em explicar através da teoria musical e harmonia cada uma das partes de uma música, identificando a estrutura, o compasso e o rítmo, as escalas utilizadas, a relação entre cada camada do arranjo e o desenvolvimento das idéias.

Análise e descrição: Essa foi uma das últimas músicas compostas para o Cd DEEP, lembro de estar pensando que faltava um som numa onda mais rock ‘n roll com um fraseado blues. Então escolhi o tom, A maior, que por si só já seria um desafio já que esse tom é clichê no estilo.

Comecei pelo primeiro riff (RIFF 1), usando um mix entre as 3 pentas de A: Am7, Am6 e A7. Usei o primeiro powerchord (A5) para definir o tom,  e o ligado entre Do (terça menor) e Do# (terça maior) para definir o estilo – o Blues usa bastante essa dualidade de terças. Depois fiz um ligado entre La e Fa# para inserir o tempero da penta Am6. Pra completar a intenção de mixolídio (A) inclui a nota característica Sol (sétima menor) no primeiro bend e no retorno.


RIFF 1

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O solo fiz depois de compor a base, usando o mesmo mix de pentas e algumas pequenas variações. Começo com a terça (Do#) do acorde definindo o tom maior e toco os double stops (notas juntas) com Chicken’ Picking. O uso do Do# com o Fa# cria a sonoridade da Penta de F#m7 sem a nota Si. Todos os bends de 1/4 de tom ajudam a imitar o som desafinado dos blues antigos. Faço ainda o ligado típico entre Do e Do# e dobro a base num uníssono duas oitavas acima.

Depois a nota Si da penta de F#m7 aparece numa troca de sonoridade com o trítono da penta de Am6 e termino a frase com os scoops de alavanca criando o efeito de bottleneck (slide).

A segunda vez é uma repetição da primeira com uma variação no final onde uso ligados com corda solta, mesclando as pentas de Am7, Am6 e F#m7.

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No próximo riff decidi usar um swing funkeado pra criar movimento e preparar a entrada da melodia tema. Separei o riff em 2 partes:

Compasso 1: Em 5/4 como forma de criar contraste com o compasso seguinte. Uso as pentas de Am7 e Am6 com notas sincopadas.

Compasso 2: Aqui que o contraste é criado, com o peso dos powerchords, com rítmo quadrado e compasso em 4/4.

Dobro a guitarra com o wah-wah fazendo um groove de contraponto rítmico com a base, segurando apenas a nota La, alternando com mutes.


RIFF 2

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Riff 3 – É a base por trás da melodia tema. Mantive o mesmo tom A mas excluí a nota Dó#, criando assim uma sonoridade de A Dórico (A B C D E F# G). A harmonia essencialmente é A5 (sem terça), D, C e G. Na segunda vez coloco um acorde surpresa de Dm trazendo a nota Fa como novidade, criando uma intenção de aeólio ou empréstimo modal.


RIFF 3

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Uso um artifício típico pra chamar atenção para a melodia que é o deslocamento da entrada fugindo do tempo forte, nesse caso no contratempo após o tempo 1 do compasso 17. A escala que escolhi é a de A dórico (G maior), com alguns pequenos efeitos como o bend de ½ tom na terceira nota da frase, escapando da escala, e o cromatismo entre La e Si.

Os double stops fazem apojatura para o intervalo de terça maior criando a sensação de satisfação melódica.

Finalizo a frase enfatizando a nota Fa, que é a nota de novidade da harmonia (penúltimo bend).

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O próximo riff criei pra ser um diálogo rítmico: pergunta X resposta. O tom é C maior mas a harmonia começa no subdominante Fa, típico de bridges preparando refrão.

O turnaround do final usa os acordes de F, C/E, C e finaliza com o subdominante Dm, que chama o refrão. Normalmente quando eu improviso nessa parte uso as pentas de Am7 e Em7 que não possuem a nota Fa, criando sensação ambígua – polimodalidade.


RIFF 4

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Essa melodia sobrepõe o contraponto da base e funciona como uma terceira voz. Sua entrada é tardia no compasso, depois de 2 tempos, mas estratégica para dar espaço ao contraponto. Termina de forma tonal dobrando as tônicas dos acordes. Esse bridge não caminha para o refrão nessa primeira vez, há um retorno ao riff inicial da música.

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Retorno ao riff 1 – Esse solo é uma variação da idéia apresentada pelo primeiro solo da música. Usa as mesmas pentatônicas (Am7, Am6, A7), o mesmo timbre de guitarra e chicken’ picking com double stops. Mas para inserir uma sensação modal diferente incluí as pentas de Re (Dm7, Dm6 e D7) trazendo a dissonância da 6a. menor (Fa). Termino num arpejo de D7, criando tensão e expectativa para a parte seguinte.

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Esse próximo solo tem aspecto livre, construção tonal e suas pausas coincidem com os acentos da base criando unidade. O primeiro bend (duplo) uso apenas um dedo da mão esquerda, sobrepondo as cordas e levantando-as com o mesmo movimento. Gosto também da tensão de trítono criada entre as notas Fa# (sexta da penta de Am6) com Do (Terça menor) no segundo compasso. Enfatizo isso fazendo um bend de 1/4 de tom.

Nas duas primeiras viradas da harmonia evito preencher o espaço nas trocas do compasso de 5 para o de 4. Na terceira vez faço o contrário, sincopando a frase até a conclusão na cabeça do tempo 1 do compasso 44.

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RIFF 5

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RIFF 5 – Refrão – Como forma de destacar o refrão fiz uma modulação para a relativa maior, Do maior. Começo e termino o riff no acorde tônico de primeiro grau (repouso), alternando com os acordes subdominantes de Dm e F (tensão intermediária).

T  SD  |  SD  T

C  Dm    F    C

Criei um vínculo melódico como forma de unir as partes do riff:

Melodia 1 → A E F

Melodia 2 → E F G

Melodia do Refrão

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Melodia do refrão – Tonal em Do maior, dividida em 4 partes:

Na resposta uso um bend ornamental de ½ tom atingindo uma nota Bb, criando a sensação de C Mixolídio.


RIFF 6

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Esse riff alterna as pentas de A com a pentas de D, funciona como uma passagem modulatória. Enquanto a primeira parte da música gira em torno da tônica La, os riffs 6 e 7 preparam o riff 8 (D Dórico).


RIFF 7

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Esse riff gira em torno do acorde de A (dominante para D) e o acorde de G (subdominante para D). A síncopa dos primeiros powerchords contrasta com o acento forte da nota sol no último tempo do compasso. O mute cria swing e consolida o arranjo da guitarra com a banda.

FILL – Uso um shape simétrico. As notas de entrada e saída são as mesmas, Re, tônica do próximo riff. O interessante desse formato simétrico é a transição de sonoridade, como na mudança entre as pentas de La para as pentas de Re.

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RIFF 8

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Apesar de escrito em 11 esse riff pode ser visto com um 7/8 + 7/8 + 4/4. Separei os acordes com mutes, alongando o tempo e trazendo a sensação de arrastado, junto com a marcação no contratempo do bumbo e baixo. Na entrada da melodia essa marcação inverte, trazendo movimento.

O primeiro ligado expôe a terça menor e o último acorde dá a sensação modal, trazendo a nota Si e afirmando o dórico.

Melodia do riff 8 – Construída em D dórico sem o uso da nota característica Si. Fazendo isso permito que a harmonia justifique a melodia criando elo. Da mesma forma que as pausas da harmonia são preenchidas com as notas da melodia, a intenção modal da melodia vem do acorde G da harmonia.

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Dobras de guitarra no último refrão – Essas melodias de dobra já existiam no arranjo de teclado do refrão. Coloquei na guitarra como forma de enfatizar e aumentar a massa sonora do final.

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Backing track da música Blue Tone:

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PARTITURA DA BASE

PARTITURA DO SOLO

DOWNLOAD DESSE TEXTO EM PDF


Ficha Técnica

Equipamento

Guitarra Di Castelli’s:

Uso as guitarras da Di Castelli’s desde 1999. O mogno do corpo oferece um som aberto e definido, com bastante médios. Os trastes extra jumbo permitem velocidade e facilitam técnicas como o tapping e a ponte Gotoh promove uma estabilidade fantástica na afinação. Optei por captadores Jazz-Blues (Tb4 e Sh4) pois saturam sem exageros. A chave humbucker – single coil uso para alternar o estado do captador. Usei a configuração single para os solos de timbre aberto com fraseado blues.

Amplificadores:

Base: Orange Tiny Terror 15W + Caixa 4 X 12 Celestion Vintage 30

Optei por um cubo de baixa potência pela fidelidade ao timbre puro que ele oferece. Os agudos são bonitos e os harmônicos limpos. Como muitos dos meus riffs usam acordes abertos, com intervalos variados, precisei de um amplificador que pudesse distorcer sem sujar e sem perder peso. O Orange foi perfeito.

Solos: Peavey Triple X 120W + Caixa 4 X 12 Celestion Vintage 30

Nesse cabeçote optei por usar pouca distorção na pré-amplificação e saturar as válvulas de saída, colocando o volume no máximo. Isso trouxe um drive bastante harmonioso, com sustain e brilho.

Cabo → Santo Angelo Jazz com bitola em ouro 18k

Microfone → Shure Sm-57 – Posicionado de frente ao falante, grudado a grade.

Gravação → Mesa Yamaha O196v, Cubase + Plugins


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