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Pré-produção do cd novo – Diário

Aqui você pode acompanhar como foi cada dia da pré-produção do meu trabalho novo – HIGH. O baterista Marcos Feminella e o baixista Andrey Roberto da Silva estiveram comigo em Londres entre os dias 14 de fevereiro e 14 de março para trabalharmos no cd novo.

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Palavras sublinhadas em azul são links

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13-02-2012 → O baterista Marcos Feminella e o baixista Andrey Roberto da Silva embarcam em Floripa rumo a Londres onde passaremos o proximo mês trabalhando em cima dos arranjos do meu proximo cd.

Links:

Facebook do Marcos

Facebook do Andrey

Website do Marcos

Website Selvart (fotos)

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14-02-2012 → Tive o conceito do cd novo enquanto o DEEP ainda estava em fase de composição. A proposta foi que esse cd seria uma continuação do meu primeiro trabalho, um tipo de bilogia, onde eu poderia explorar as diferentes roupagens da música instrumental. Essa liberdade que faz o fusion, onde posso juntar o rock, o heavy, o jazz, o funky, ou qualquer outra escola. O nome do cd então foi definido, HIGH, criando oposição, complemento e espaço.

Estou morando em Londres a um ano e pude me focar intrinsecamente na composição das músicas novas. Os sons estão prontos, 9 ao total, com todos os temas delineados, solos escritos e guias gravadas. Desse ponto que começaremos os trabalhos, montando todos os arranjos de bateria e baixo, ensaiando e gravando a pré-produção.

Hoje fui buscar o Marcos e Andrey no aeroporto. Bastante demora na imigração quando o oficial de fronteira implicou com a entrada de todo o equipamento que tavam trazendo, inclusive meu amplificador Orange Tiny Terror que usei na gravação das bases do cd DEEP. Entrei no rolo quando me telefonaram e tive que responder dezenas de perguntas até ficarem satisfeitos com a legitimidade da visita deles.

Pra completar os pratos não vieram com o restante das bagagens, supostamente ficaram trancados no cinto do compartimento de bagagem do avião em Portugal. Burocracias feitas finalmente encontrei os amigos no saguão do aeroporto.

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15-02-2012 → Primeiro dia de contato com as músicas novas. Fizemos hoje uma audição completa das gravações guias. O que facilitou esse processo foi que criei as guias com linhas prévias de bateria e baixo, teclados com os timbres definidos e todo o arranjo de guitarra gravado e funcionando. Isso gera uma imagem final clara e fácil de ser compreendida e foi desse ponto que começamos a discutir os arranjos novos.

Claro, estamos em Londres e não dá pra perder a chance de fazer um pouco de turismo. Fomos visitar o observatório de Greenwich, cervejaria Meantime, passeio de barco pelo Thames, London Eye, Big Ben, Trafalgar Square, Piccadilly Circus, Soho e alguns pints de cerveja no Intrepid Fox, um pub metal com um interior bastante curioso. Esqueletos, correntes, a frente de um carro, etc…

Recebemos os pratos do Marcos, tudo em perfeito estado, podemos agora começar a ensaiar.

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16-02-2012 → Hoje um dia para a busca de inspiração e boas influências, fomos ver ao vivo a banda do grande baterista Billy Cobham. Muito groove e muita pegada numa combinação de bom gosto e talento. Um fusion funkeado com compassos quebrados, temas delineados e espaço para improvisação.

A casa de show é a mais tradicional de Londres e uma das mais antigas pra jazz e fusion:

Ronnie Scott’s

Tenho para esse meu cd novo um funk fusion e ter tido a oportunidade de ver músicos desse calibre tocando nessa mesma onda foi inspirador. Impulsionou muitas idéias e acima de tudo impulsionou a vontade de criar.

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17-02-2012 → Demos uma revisada em todo o repertório de cd DEEP e Ep Ocean num ensaio acústico pois fazia um bom tempo desde a última vez que tocamos juntos. A música The Mental Storm foi gravada pelo baixista Andrei Leão da Stormental, o que estamos fazendo é criando um arranjo novo com um solo exclusivo do Andrey, onde ele pode inserir sua identidade e dar uma roupagem diferente pro som. Assim que o arranjo e solo novo ficarem prontos devemos gravar o baixo e lançar uma versão alternativa da música.

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18-02-2012 → Primeiro dia num estúdio de ensaio em North Acton (Survival). Agendamos 6 horas seguidas que aproveitamos até a bagaça. Foi muito bacana tocar o repertório antigo, limpar as 11 músicas e deixar o show pronto, nas mãos. Alguns sons do cd foram tomando forma durante as gravações em 2010 e não tínhamos ensaiado ainda com os arranjos definitivos. Tudo rolou de forma muito natural e fácil e após poucas tocadas o repertório já estava soando bacana.

Ao longo desses anos, pós lançamento do DEEP, mudei alguns solos, coloquei alguns solos onde só existia base e passei a improvisar algumas partes. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de testar essa nova abordagem com a banda e não com o backing track.

Levei o Laptop com as linhas separadas da gravação do cd e disparamos as guitarras bases e teclados dele. O som ficou completo e com punch, coisas da execução ao vivo.

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19-02-2012 → Dia OFF pra conhecer um pouco de Londres. Céu azul e maravilhoso, não tão raro mais por aqui, são as coisas da mudança climática. Fomos ao Buckingham Palace, St. James Park, Leicester Square, The Beatles Store, Regent’s Park e Camden Town, um dos principais bairros para música em Londres. O Andrey aproveitou para dar uma boa engordada na sua coleção de cds.

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20-02-2012 → Dia inteiro voltado para as composições novas. Escutamos várias vezes cada música discutindo o tipo de arranjo que seria aplicado. Guitarra e baixo plugados elaborando o contraponto para cada parte. Em alguns riffs mantivemos a característica sugerida pela guia mas em muitos mudamos a abordagem trazendo a visão do baterista e do baixista. Acredito bastante nesse tipo de construção onde podemos trabalhar com liberdade e naturalidade aproveitando essa fusão de musicalidades.

Ao final conseguimos definir um ponto de partida para cada música do projeto novo e um esboço geral de todo o trabalho.

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The Trappist Beer Experience

Tenho um projeto novo em andamento, um disco de fusion chamado The Trappist Beer Experience. Estou escrevendo as músicas lentamente  e a previsão do lançamento é posterior ao cd HIGH. Essencialmente é um disco de rock-hard com linguagem mais elaborada, harmônias extensas e escalas simétricas. Estou trabalhando bastante com o contraste: consonante X dissonante, inside X outside, rápido X lento, etc…

A idéia principal é ter uma música para cada cervejaria Trappista onde recrio nas partes de cada som a atmosfera de cada cerveja. E a apreciação de cada música ou cerveja deverá ser feita em conjunto, harmonizando.

Isso é só uma prévia, explicarei melhor no futuro. Enquanto isso segue abaixo o link das cervejarias Trappistas:

Chimay

La Trappe

Westvleteren

Orval

Westmalle

Achel

Rochefort

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21-02-2012 → Hoje estamos indo para a Bélgica curtir o turismo maravilhoso do país e experimentar as melhores cervejas do mundo. Pegamos o trem via Eurotunel e em torno de 2 horas de viagem chegamos em Bruxelas.

De Bruxelas pegamos outro trem em direção ao nosso primeiro destino, a lindíssima cidadezinha medieval de Brugges.

Brugges é toda rodeada por canais com água beirando as casas, muitas delas medievais construídas em torno de 1200. As torres altas conferem um visual bastante inusitado e o clima de inverno parece perfeito criando uma atmosfera acolhedora.

Experimentamos uma das grandes especialidades belgas que são as frituras, das batatas aos bolinhos. E claro, as cervejas, dentre elas as Trappistas, Lambics, Gueuzes, Regionais, entre outras.

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22-02-2012 → Para aproveitar nosso último dia em Brugge decidimos fazer um passeio de barco pelos canais da cidade, realmente sem preço (claro… somente os euros do bilhete). O guia do barco fez a narração do percurso e pudemos entender um pouco da história de Brugges.

Meio da tarde rumo a Antuérpia, onde nos encontramos com o Kevin Smeyers, guitarrista da banda Angeli Di Pietra, que nos mostrou os principais pontos turísticos da cidade. Por fim uma paradinha no Kulminator Pub com suas 750 cervejas. Difícil foi escolher dentro do extenso cardápio, mas achamos uma Chimay 2000, impossível de resistir. Outra sugerida pelo Kevin foi uma Duvel Triple Hop, indescritível.

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23-02-2012 → Última cidade na nossa visita a Bélgica, Bruxelas, onde vamos pegar mais tarde o trem de volta a Londres. Muito maior que as 2 cidades anteriores e muito elegante na sua mistura entre o antigo e o novo.

A Catedral de St Michel, bastante parecida com a Notre Dame de Paris e seu órgão com tubos espalhados por todo o saguão. Uma acústica encantadora e perfeita, um sonho seria poder gravar algo lá.

A Market Square e seus prédios cobertos de detalhes, singular.

E o Delirium Pub, a maior carta de cervejas do mundo, com mais de 2000 opções.

Final do dia, rumo a Londres.

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24-02-2012 → Poderíamos dizer que os dias 24, 25 e 26 foram dedicados a parte burocrática da pré-produção onde temos que aprender a tocar todos os riffs e decorar as sequências de cada música. Esse processo é vital para evitar perder tempo dentro do estúdio onde o foco é a execução em banda.

Cada parte tem seu desafio, algumas por serem rápidas ou articuladas requerem a repetição exaustiva, outras exigem a assimilação das células rítmicas ou do compasso.

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25-02-2012 → Hoje fomos no início da noite para um estúdio diferente aqui em Londres, em Holloway Road, o Strummers Studio, para ensaiar o repertório do show de amanhã. Vamos tocar num pub chamado The Latin Corner no aniversário do baixista da minha banda pop (No Mistery), o Rodrigo.

O ensaio rolou muito legal, estamos tocando o repertório em cima e com bastante segurança. A banda firme me deu a liberdade para improvisar bastante e tentar um fraseado diferente. Pretendo usar essa abordagem ao vivo onde a espontaneidade pode criar soluções diferentes daquelas criadas através do processo racional.

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26-02-2012 → Hoje foi, ou melhor, seria, nossa primeira apresentação em Londres. Levamos todo o equipamento para o pub, instrumentos, amplificadores, laptop, pedais, cabos, pratos, etc… e ficamos esperando a chegada da bateria que foi alugada. Meia hora antes do horário acertado para começarmos a tocar a bateria chega… sem a torre que segura os tons. Daí ficou impossível achar a tempo uma reposição e nossa estréia ficou pra outro dia.

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27-02-2012 → Ensaio em casa com as guias. Cada vez mais as músicas estão tomando forma e consigo visualizar o resultado final. Todas as partes estão definidas e o contraponto do baixo com a guitarra delineado. Definitivamente o processo está sendo recompensador e estamos criando a identidade do cd.

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28-02-2012 → Posso dizer agora que toda a estrutura do cd está pronta, basta irmos para o estúdio e começar a testar na prática todas as idéias. Tocando será possível entender o que funciona ou o que ainda precisa ser adaptado. Um dos principais pontos pra ser delineado é a dinâmica e isso saberemos moldar na execução conjunta.

Vou dar uma descrição prévia do cd, separando as músicas por números já que a maioria ainda não tem nome:

Música 1 – É uma das mais complexas do cd, um metal progressivo com inúmeras partes. Os riffs estão em compassos de 3, 4, 5, 7, e alguns trocam o compasso no meio. Algumas das melodias usam sequências ímpares de compassos e modulo bastante.

Música 2 – É uma balada inspirada no chord melody de guitarristas como Jimi Hendrix, Eric Johnson e Andy Timmons com guitarra limpa atravessando a maioria do som.

Música 3 – Um fusion com bastante contraste, algumas partes com dinâmica baixa e guitarra limpa, outras partes pesadas com riffs dissonantes. Tem um clima denso e uso bastante acordes suspensos.

Música 4 – A pesada do cd com afinação mais baixa, em Db. Uso também um encordoamento mais pesado (011). Busquei nesse som o contraste entre o peso da guitarra base e a suavidade da melodia. Faço no meio uma sequência inteira de riffs sem solo.

Música 5 – Um hard construído sobre uma linha de piano e strings. É a mais extensa do cd com quase 7 minutos. Com várias partes, a atmosfera muda bastante em cada trecho do som.

Música 6 – Tem a melodia de fácil assimilação. É construída com uma intro de guitarra limpa e solo, seguida do refrão, bridge e estrofe. Essa estrutura invertida trouxe movimento pra música gerando interesse. Faço no meio um solo inteiro com guitarra limpa, idéia ausente no meu primeiro cd.

Música 7 – É a primeira parte do meu ep intitulado The Forest, onde uso minha guitarra para simular sons de uma floresta. Tem progressão lenta e é bastante melódica e densa. Executo um dos solos com slide usando o exagero no portamento como forma de salientar a interpretação. Mais tarde explico melhor esse ep.

Música 8 – Outro fusion com roupagem funkeada. Meu foco principal foi o contraponto rítmico entre as guitarras e a cozinha. Uso riffs com compassos ímpares e brinco frequentemente com a percepção criando a ilusão de deslocamento.

Música 9 – Uma balada escrita em 2007, a qual mudei o arranjo original, acrescentei e alterei algumas partes. Tem uma melodia de difícil execução onde a interpretação associada aos efeitos técnicos é o maior empecilho.

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29-02-2012 → Dia OFF para conhecer um pouco mais de Londres. Fomos para Trafalgar Square no National Museum ver obras como os Girassóis de Van Gogh, as pontes de Giverny de Monet, Renoir, Turner, Seurat, Degas, entre muitos outros. Mais tarde esbarramos na rua com o Zach Braff do seriado Scrubs, inusitado.

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01-03-2012 → Fomos visitar o museu de História Natural para ver os fósseis de dinossauros, a coleção de seres do Darwin, a galeria com todos os minerais do mundo entre outras coisas.

Final da tarde fomos ao Ronnie Scott’s Venue onde a banda nova do Mark King (Level 42) iria tocar, chamada agora de Mark King and friends. Como o show estava Sold Out as esperanças de entrar estavam curtas, mas para nossa surpresa houve um cancelamento e pudemos assistir o concerto.

O som dele realmente impressionou, um fusion complexo e bastante melódico. Formação grande com batera, guitarra, baixo, percussão, 2 tecladistas e sopros (sax, trompete e trombone). E um evento inusitado, um dos tecladistas era o grande batera Gary Husband.

A primeira música foi um instrumental com quase 20 minutos de duração, várias mudanças de clima com uma interpretação formidável. Foi um showzaço!

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02-03-2012 → Dia inteiro voltado para o ensaio do repertório novo. Adotamos uma estratégia que funcionou bem nos ensaios do cd DEEP, passamos riff por riff, repetindo quantas vezes fossem necessárias até estruturar a sessão. Depois trabalhamos nas emendas das partes para obter uma transição natural e finalmente tocamos a música inteira.

Transitando ao longo do repertório novo fomos aos poucos dando a cara do cd novo. Depois escolhemos 2 músicas para aprimorar o feeling e as levadas (Músicas 1 e 6). A música 6 cresceu rapidamente e ficou com uma vibe muito boa. A música 1 consumiu mais tempo pois tem muitas partes com trocas de compasso e diferentes atmosferas. No final do dia estava pronta, o que foi uma conquista por ser uma das mais difíceis do cd.

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03-03-2012 → Hoje fomos ao London Bass Guitar Show no Olympia para um dia completo com workshops e shows. Vários baixistas, bateras, guitarras, etc… tops de linha fazendo música de alta qualidade. Confiram a lista dos baixistas:

– John Thorne (Lamb, Robert Fripp)

– Yolanda Charles (Sinead o’ Connor)

– Doug Wimbish (Living Colour, Mick Jagger, Madonna, Joe Satriani, Seal)

– Tony Butler (Big Country)

– TM Stevens (Steve Vai, Cyndi Lauper, The Pretenders, Tina Turner)

– Paul Turner (Jamiroquai, Shuffler)

O melhor workshop foi sem dúvida a do Doug Wimbish que usou um looper pra gravar algumas bases de baixo e solou com drive e pitch shifter simulando uma guitarra. Muito feeling e um fraseado intenso, fantástico.

Youtube Video do workshop do Doug Wimbish

O melhor show foi da banda do Paul Turner (Shuffler), que na verdade era formada pelos membros do Jamiroquai com um vocalista diferente e sem teclado. Muito groove e perfeição na execução.

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04-03-2012 → Hoje tive ensaio com a minha banda de rock progressivo, The Far Meadow, durante o dia inteiro. Então enquanto tive fora o Andrey e o Marcos aproveitaram pra fazer um pouco de turismo e foram para o Museum of London conhecer a história de Londres desde os primórdios.

A banda The Far Meadow está terminando de mixar o cd novo gravado alguns meses atrás com um guitarrista diferente. Aproveitamos a noite para escutar o cd inteiro e tecer nossa opinião com relação a mixagem e levantar possíveis falhas ou sugerir pequenas mudanças.

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05-03-2012 → Outro dia para visitar museus e coisas relacionadas. Fomos ao Science Museum e ao Victoria & Albert Museum. No museu de ciências pudemos ouvir um pedaço do projeto Long Player, que é uma música que está sendo executada desde 01 de janeiro de 2000 e terá 1000 anos de duração.

Ouça aqui o início da música

Vale a pena conferir a história desse projeto, como funciona, e escutar o trecho que está sendo executado ao vivo.

A noite fomos ver o Richie Kotzen ao vivo no O2 academy. Um trio de primeira linha com muita melodia e improviso. O Richie quebrando tudo como sempre, tocando sem palheta com um fraseado surreal e cantando demais.

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06-03-2012 → Dia de ensaio. Alternamos entre o repertório antigo e as músicas novas. Também improvisamos alguns riffs e levadas buscando idéias pra algumas músicas novas.

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07-03-2012 → Show com The Aristocrats, a banda de fusion nova do Guthrie Govan, Marco Minnemann e Bryan Beller no The Peel em Kingston. Foi quase uma jornada saindo do norte de Londres para o extremo sul, tivemos que pegar metrô, trem e ainda caminhar um bocado, mas valeu cada metro percorrido.

A banda está definitivamente muito entrosada e o show foi muito dinâmico e até engraçado, como no solo usando Iphones. O fraseado articulado do Guthrie é uma inspiração mas quem roubou a cena foi o baterista e seu domínio pleno de poliritmias. Sem dúvida foi um catalisador motivador.

Final do show e fomos pra estação de trem para constatar que já estava fechada. 2 ônibus e 3 horas de viagem depois finalmente conseguimos chegar em casa.

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08-03-2012 → Motivados com a sequência de shows bons que assistimos fomos ensaiar o dia inteiro e aproveitar pra registrar algumas fotos. Então pedi pra Jaque, minha esposa, pra nos acompanhar e registrar a nossa tarde tocando. Passamos o repertório novo aprimorando cada parte e ganhando o máximo de continuidade. Com a estrutura das músicas correndo soltas pudemos focar nas dinâmicas e pegadas, tudo para lapidar.

Final da tarde uma passada em Abbey Road pra atravessar a faixa de pedestres no estilo Beatles. No caso do Andrey do jeito que baixista faz, descalço.

E como não poderia faltar, uma visita para a fábrica da capa do cd Animals do Pink Floyd.

Fotos por Jaque Warren. Visite Selvart.com

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09-03-2012 → Dia técnico onde registramos todas as idéias que foram consolidadas para o cd novo. Voltei para os projetos que tinha gravado como guia e acertei os pequenos detalhes. Dessa forma pude entregar os backing tracks para o Marcos e Andrey poderem praticar e evoluir os arranjos. Como a distância impossibilita ensaiar com frequência, foi o meio que achamos pra poder tocar juntos.

Funciona da seguinte forma: a pré-produção consiste em ter gravado todas as linhas de guitarra, baixo e teclado e ter sequenciado via MIDI as linhas da bateria. Depois disso uma mixagem e masterização garantem um produto final muito próximo do resultado do cd.

Criamos então os backing tracks para cada um do trio. Pro Marcos o playback sem a bateria, no canal esquerdo da mixagem, e o click no canal direito. Dessa forma ele pode ensaiar em casa ouvindo o metrônomo e usando a gravação no PA. Para o Andrey o playback sem a linha de baixo.

Para os playbacks da guitarra optei em manter o projeto aberto e apenas mutar a parte que vou praticar. Como tenho que tocar várias linhas, como base, guitarras limpas, solos, overdubs dos solos, achei mais conveniente dessa forma.

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10-03-2012 → Hoje temos o ensaio com a Thanira para a participação dela no show de domingo, marcamos 3 horas de estúdio, o que seria suficiente para passar as 4 músicas dela mais o repertório do trio. Tudo perfeito se não fosse o caos que começou no transporte público daqui de Londres.

Chegamos na estação de metrô (Piccadilly Line) e boa parte da linha estava fechada. Tivemos então que pegar um ônibus para outra estação de metrô numa linha diferente (Northern). Já dentro do metrô ao fazer a baldeação para a Central Line outra surpresa, essa se encontrava fechada. Resumindo, 5 metrôs e 2 ônibus depois conseguimos chegar no estúdio com 1 hora e 30 minutos de atraso.

Apesar de tudo, mesmo com o tempo restrito, conseguimos ensaiar o repertório e deixar tudo perfeito pro show em Camden.

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11-03-2012 → Taí o grande dia, vamos tocar em Londres. Com tudo empacotado pegamos o metrô direto pra Camden Town, a passagem de som tava marcada para as 18:00 hs. Chegamos uns 15 minutos antes e tivemos que ficar esperando na frente da Venue, coisas da pontualidade britânica. No horário as portas abrem e começamos a montagem do equipamento.

Levei, além da guitarra, pedais e cabos, meu amplificador Orange TH 30 e o laptop pra disparar as sequências de guitarra base e teclado. Levamos em torno de 1 hora pra montar todo o equipamento de palco e microfonar todas as peças. A passagem de som foi sem mistério, rápida e simples.

Depois de tudo organizado saimos pra comer um Kebab e tomar uns energéticos, afinal a noite ia ser longa.

Para abrir tocaram a dupla The ShotGun Club (Bluegrass) e a minha banda pop, No Mistery, só pra aquecer o ambiente. Em torno das 22 horas entramos no palco, puxamos o volume e descemos a porrada. O retorno do público foi muito positivo.

O setlist foi:

Aproximadamente 1 hora de show. Foi quando convidamos a Thanira pra subir ao palco pra tocarmos 4 clássicos do rock.

Término do show guardamos tudo e fomos pra casa do baixista do No Mistery, o Rodrigo, onde fizemos uma entrevista em video para a Riff Magazine de Portugal. Trabalhos encerrados curtimos o resto da noite.

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12-03-2012 → Tudo concluído da melhor forma possível. Relembramos o repertório do cd DEEP e do Ep Ocean, terminamos a pré-produção do cd HIGH e tocamos em Londres. Dia então para visitar o que ficou pendente e passear pela cidade. Entre as atrações fomos ao London Eye no final da tarde, durante o pôr-do-sol.

A noite fomos na casa do Rodrigo (baixista da No Mistery) pra tomar umas cervejas e comer a deliciosa coxinha de frango com cream cheese da Juliana.

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13-03-2012 → Dia de compras da dupla brasileira pra levar pro Brasil alguns presentes pra família. Fomos pra Camden Town onde vendem de tudo, desde pequenos souvenirs até roupas e sapatos.

Última noite, última cerveja no pub e muita conversa para montar uma estratégia para a produção do cd novo. Fomos aos poucos delineando a forma que teremos que trabalhar nos próximos meses para viabilizar o cd ainda nesse ano. Muito trabalho pela frente e acima de tudo, muito prazer em ter a melhor profissão do mundo.

Mais uma etapa que se foi, conseguimos compor, arranjar e ensaiar o repertório novo, mas ainda temos pela frente:

Vamos usar os próximos meses também pra terminar os arranjos pro ep The Forest que terá apenas uma música conceitual de quase 50 minutos, progressiva. Uso como inspiração os sons de uma floresta os quais tento reproduzir com minha guitarra, seja usando o slide, as unhas arranhando as cordas ou o corpo do instrumento como percussão. A primeira parte desse som estará no cd HIGH, com 4 minutos de duração.

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14-03-2012 → Dia de retorno para o Brasil. Como a chegada foi turbulenta a volta não poderia ser diferente. Terminar de arrumar as malas foi mais difícil do que planejamos e saímos atrasados para o aeroporto. Muita coisa pra carregar o que complicou bastante a nossa mobilidade. O metrô atrasou bastante e levamos mais tempo que o normal pra chegar no Terminal 1 de Heathrow.

Fomos para o check in faltando apenas 15 minutos para o fechamento. Daí que a coisa complicou pois eles estavam levando pro Brasil mais malas do que era permitido, algumas com excesso de peso, outras com líquido dentro. Rapidamente tivemos que refazer a distribuição nas malas pra resolver os problemas.

No processo o fecho de uma delas quebrou e o Marcos teve que levá-la correndo para ser embrulhada com plástico. Ainda mais, os pratos da bateria tiveram que ser despachados num local diferente. Muita correria mas afinal deu tudo certo e embarcaram de volta pro Brasil.

Agradeço demais o apoio que tive nesse último mês desses dois incríveis músicos e sei que esse trabalho novo será, acima de tudo, reflexo dessa amizade e companherismo.

A maioria das fotos de show foi tirada por Jaque Warren

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